26 setembro, 2005

Jefferson, O Vaga-lume...

Roberto Jefferson foi “defenestrado” pelos seus pares, da Câmara Federal. Já era esperada tal cassação. Seu discurso de defesa no plenário foi mais uma melancólica despedida, com alguns poucos lampejos da sua oratória outrora fulminante. Em suma, refletiu o ocaso de um político recentemente realçado à uma posição importante na vida pública contemporânea, detentor de rara capacidade de comunicação e carisma, a ponto de provocar o cataclismo crítico, grave, perigoso, decorrente da crise política que está devastando o PT e escancarando o saco de maçãs podres do governo Lulla.

Mas o deputado perdeu uma grande oportunidade, talvez a maior oportunidade da sua vida, maior mesmo do que aquela havida e aproveitada quando, instado, contrariado em seus interesses e extremamente provocado, denunciou a cadeia de corrupção que, partindo do poder executivo, grassava a base parlamentar aliada do governo federal e está gerando toda uma parcial apuração pelas CPMI(s). Essa tal oportunidade à qual me refiro, não só o deputado Jefferson a perdeu. Especialmente a Nação a perdeu! Foi a oportunidade de, sob o foco dos holofotes de toda a mídia nacional e mesmo internacional, do alto da tribuna da Câmara, ainda na condição legal de parlamentar, no uso e exercício de todas as prerrogativas intrínsecas da sua função, com a couraça da imunidade, privilégio constitucional que lhe garantia a sua capacidade e poder de se expressar sem medo ou constrangimento, de dizer toda a verdade. Não apenas ficar nas insinuações, nas entrelinhas, nas “meias-verdades”. E ele tinha o conhecimento das “coisas” e a capacidade intelectual e factual de fazê-lo.

Tinha!

Mais ainda: tinha o dever!

Mais por isso, muito mais por não ter feito isso, mereceu a cassação. Seu serviço de delação foi feito pela metade, quando muito. Poderia ter fechado com chave de ouro seu mandato ou, até mesmo, salvá-lo num genial golpe de mestre, caso tivesse aberto todo o jogo sujo do governo do PT, do qual tinha sido partícipe e tivesse encarado uma sincera “mea-culpa”. Aí, no mínimo, a história haveria de conceder-lhe um lugar de honra nesse triste episódio da vida nacional. Mas ele, Roberto Jefferson, ao final preferiu ficar na periferia... Nem mesmo teve o privilégio honorário, a prerrogativa da “delação premiada!” Foi escorraçado, jogado na cesta do lixo! Perdeu ele, perdemos todos nós! Vamos ter de continuar, por um bom e longo tempo ainda, sufocados pela mentira e desfaçatez deste governo Lula, (com seus tentáculos horrorosos), tão despreparado para governar um país e um povo tão necessitados de verdadeiras realizações. E tão sofrido, esgotado, tudo decorrente da mediocridade (pra dizer o mínimo) que tomou de assalto, na acepção da palavra, o (um) governo que nos envergonha a todos!

Que pena, Roberto Jefferson. Você teve a chance de ser muito maior do que se revelou. Lampejou mas, ao final, ficou na mediocridade. Sua luz, definitiva e melancolicamente, se apagou.

Agora poderá ainda eventualmente dar alguns lampejos, alguns.

Mas apenas qual um vaga-lume. Que pena!